Índios da aldeia de São José testam negativo para Covid

A Equipe de Saúde da Família (ESF) da Atenção Primária da Secretaria de Saúde de Maricá destinada ao atendimento dos indígenas esteve nesta terça-feira (09/06) na aldeia de São Mata Verde Bonita (Tekoa Ka’Aguy Ovy Porã), em São José do Imbassaí, onde vivem 76 índios guaranis. A ESF foi realizar a testagem de Covid-19 em todos os moradores. Foram feitos testes do modelo rápido, que detecta anticorpos IGG e IGM – de longo e curto prazo no sistema imunológico.

Todos os testes apontaram diagnóstico negativo para a presença do novo coronavírus no organismo. Uma tenda de 25,3 metros quadrados foi montada, em parceria com a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), para funcionar como isolamento em caso de um indígena ser contaminado. Ela foi instalada dentro de uma estrutura construída na aldeia por uma igreja para ser um tempo religioso.

De acordo com a supervisora técnica da ESF, Vânia Lopes, toda assistência à saúde aos moradores das aldeias é prevista nas diretrizes da Atenção Primária, no entanto nesse momento de pandemia da Covid-19, para evitar que os indígenas sejam contaminados, o trabalho tem exigido da equipe uma atuação diferenciada.

“Estamos abordando frequentemente com as lideranças indígenas das duas aldeias, assim como os demais aldeados: o que é o corona vírus e quais são as medidas preventivas que precisam ser adotadas para evitar o contágio e sua propagação, seguindo as orientações adotadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), pela Secretaria de Saúde de Maricá e especialistas da área, que apontam ações coletivas e individuais, como: o distanciamento social, o hábito de higienizar as mãos várias vezes ao dia, tossir ou espirrar no braço, evitar sair da aldeia, evitar usar o transporte público, assim como restringir a entrada de pessoas de fora nas aldeias”, explica Vânia.

A cacique Jurema Nunes Oliveira, em guarani Tara Rete Yry, conta que tem muita gratidão pelos cuidados em saúde que a médica Carolina Duarte, a enfermeira Rosane de Oliveira e a técnica de enfermagem Rejane Nascimento de Abreu, da Equipe de Saúde Indígena, leva diariamente até a aldeia.

“Elas são boas demais com a gente! Não temos do que reclamar, temos tudo o que precisamos aqui. Tive medo quando soube dessa pandemia, mas as equipes de saúde nos orientaram bem desde o início”, fala a líder da aldeia há dois anos, a primeira indicada que é mulher.

A secretária de Saúde de Maricá Simone Costa lembra que a ESF Indígena acaba sendo a única forma de presença do poder público na aldeia nesse momento de pandemia.

“Nossos profissionais têm a oportunidade de colaborar para o desenvolvimento de outras áreas e necessidades da aldeia, inclusive. E isso favorece toda comunidade, pois eles se sentem acolhidos”, avalia Simone.

Os indígenas dessa etnia têm na sua cultura o costume nômade, o que faz com que mude de aldeias de tempos em tempos. A orientação da rede primária é inclusive evitar essa mudança de território no momento, assim como receber novos indígenas. Além dos 76 indígenas da aldeia de São Mata Verde Bonita, os 37 índios guaranis que vivem no Sítio do Céu (Pevaé Porã Tekoa Ará Hovy Py), em Itaipuaçu, também serão testados nesta semana. Ambas as aldeias estão fechadas à visitação, cumprindo o isolamento social que tem funcionado para evitar uma curva ascendente de casos da doença na cidade.

O monitoramento dos aldeados é feito diariamente de segunda à sexta-feira, das 8h às 17h, pela equipe de saúde indígena (médica, enfermeira, técnica de enfermagem e agente comunitária), que estão atentos a todos os sintomas sugestivos da Covid-19. Outro ponto de suma importante que a ESF Indígena trata é como os indígenas se valem das suas crenças para suportarem esse isolamento, o lugar que a casa de reza tem para eles, seu funcionamento como espaço de realização das suas tradições, de apaziguamento e fortalecimento diante dessa situação tão inusitada para todos.

Neste período de pandemia todos os serviços relacionados à saúde indígena estão sendo prestados normalmente. Até hoje, dia 9 de junho, foram notificados três casos suspeitos nas duas aldeias, mas nenhum positivado para Covid-19. Estes casos foram supervisionados pela equipe em todo o período sintomático e foram descartados após constatação. A unidade referência para as aldeias indígenas, cuja equipe direcionada aos cuidados ao povo indígena é vinculada, é a Unidade de Saúde da Família São José II, em São José do Imbassaí, em Maricá, com a equipe técnica do Instituto Gnosis e com anuência da Coordenação de Atenção Primária da Secretaria Municipal de Saúde de Maricá.

Fotos: Clarildo Menezes

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