Direito ao voto para as mulheres: 90 anos de uma conquista

As mulheres brasileiras conquistaram o direito a votar e serem votadas em 24 de fevereiro de 1932, depois de muita pressão por parte das sufragistas, como eram conhecidas as mulheres que tinham no direito ao voto feminino sua bandeira de luta. Em 1916, Leolinda de Figueiredo Daltro, sufragista e feminista, protocolou o primeiro requerimento no Senado Federal solicitando o direito ao voto para as mulheres. Em 2022, comemoramos 90 anos da consolidação do direito ao voto das mulheres e teremos o desafio de comparecer mais uma vez às urnas para as eleições. 

Este é um momento fundamental para levar até as mulheres, em especial às eleitoras, a discussão sobre a importância da nossa participação política no cotidiano, para a construção de uma democracia que de fato nos represente como mulheres. Sem a participação das mulheres, votando e sendo votadas, a democracia não se completa e não se concretiza. Ao longo das últimas décadas, as mulheres participaram da construção da economia do país, da vida social e também das principais lutas pela democracia. Mas, os mecanismos de poder, ultrapassados e excludentes, não nos abriram as portas do mundo formal da representação política na mesma proporção em que nós, mulheres, precisamos. 

Em um ranking divulgado pela União Interparlamentar em outubro de 2021, o Brasil está na 142ª posição entre 192 países com relação à ocupação de mulheres nos parlamentos. No continente latino americano, é o 2º pior colocado, ficando a frente somente do Haiti. Na América do Sul, somos o país com menor representação parlamentar feminina. A média de ocupação feminina dos cargos eletivos no Brasil é hoje de 14%, uma das mais baixas taxas do planeta. 

Isso é injusto, pois somos mais de 50% da população e mais de 50% dos eleitores do país. Portanto, há um desafio que precisa ser enfrentado: aumentar a presença das mulheres nos cargos eletivos, para minimamente termos uma representação que corresponda à nossa presença na sociedade. Nós, mulheres, queremos ter nossa voz e participação na política do país. Mesmo com as alterações nas leis eleitorais, entre elas a inclusão das cotas nas candidaturas proporcionais, não houve um aumento substantivo de nossa participação. Estudos apontam que, se não incrementarmos a participação das mulheres na política, só alcançaremos a igualdade na ocupação de vagas da Câmara Federal no ano 2160, e no Senado Federal só em 2096.

No entanto, o desafio não se esgota aí. Será que qualquer mulher, apenas por ser mulher, nos representa em nossas necessidades, desejos e diversidade? Claro que não. As mulheres brasileiras querem ser representadas em termos numéricos, mas também em termos de suas pautas em relação aos problemas e questões que nos dizem respeito diretamente, tais como: saúde da mulher, creches para nossos filhos e filhas, mobilidade urbana, igualdade salarial e direito a uma vida livre de violência.

Sem as mulheres, não existe democracia. E sem a representação das mulheres nos espaços de poder e decisão, a voz feminina fica mais uma vez silenciada, o que não corresponde à nossa contribuição efetiva para a construção do Brasil. Nos 90 anos do voto feminino, os desafios por participação e igualdade ainda estão por serem superados. E serão, com a força e a persistência que caracteriza nosso fazer feminino, em busca da democracia que reforce nossa diversidade e nosso sonho por uma sociedade justa para todas e todos.

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